sexta-feira, 23 de julho de 2010

A conservação da diversidade biológica I





Foto APA
Actualmente a biodiversidade é um tema muito debatido – consequência da consciência colectiva da velocidade a que se perdem espécies e da urgente necessidade de tomar medidas com vista à sua conservação – contudo, esta é uma questão que há muito vem a ser alertada pela comunidade internacional e debatida nas conferências sobre ambiente e sustentabilidade.A conservação da diversidade biológica e a utilização sustentável dos seus componentes não é um tema novo nas agendas diplomáticas. Esta relação foi realçada pela primeira vez em Junho de 1972 durante a Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente Humano, em Estocolmo, e a primeira sessão do Conselho Governamental para o novo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (1973) identificou a "conservação da natureza, da vida selvagem e dos recursos genéticos" como uma área prioritária. O aumento da preocupação da comunidade internacional em relação à perda crescente e sem precedentes da diversidade biológica levou à criação de um instrumento vinculativo legal, com o objectivo de inverter esta situação alarmante. As negociações foram fortemente influenciadas pelo crescente reconhecimento, por parte de todos os países, da necessidade de uma partilha justa e equitativa dos benefícios provenientes da utilização dos recursos genéticos. De todo este processo resultou a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB).[1]

A CDB[2] foi assinada em 1992 na Convenção do Rio por 175 países e ratificada por 168. No Artigo 2º pode ler-se: "Diversidade biológica significa a variabilidade entre os organismos vivos de todas as origens, incluindo, inter alia, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais fazem parte; compreende a diversidade dentro de cada espécie, entre as espécies e dos ecossistemas” (Artigo 2.º do DL nº 2/1992, de 5 de Junho).
Desde então, o valor dado à biodiversidade foi adquirindo ênfase, não só no seio da comunidade científica e política mas também junto da população em geral, fruto de uma maior divulgação desta temática e de uma tomada de consciência que a perda de biodiversidade era um facto. O aumento do conhecimento destas matérias por parte da população em geral é um passo fundamental para uma maior participação pública, intervindo activamente na resolução dos problemas.
Com a CDB a conservação da diversidade biológica torna-se mais abrangente, aliando a necessidade de protecção com o desenvolvimento e a responsabilidade partilhada; suspendendo o seu carácter meramente de preocupação com a protecção das espécies e ecossistemas. “Reconhece-se assim que a conservação da diversidade biológica é uma preocupação comum da Humanidade e parte integrante do processo do desenvolvimento económico e social[3]
Muito embora o conceito de diversidade biológica seja usado para descrever o número e a variedade dos organismos de uma forma geral, podemos entendê-lo como a “história biológica da terra”, resultante de mais de 3000 milhões de anos de evolução.
Conquanto o número de espécies actualmente existente no nosso planeta seja desconhecido, cientistas identificaram até á data cerca de 1,7 milhões, sendo que o máximo é apontando para 100 milhões de espécies. Proporcionalmente é como se o universo biológico fosse “desconhecido”.
In, "Coastwatch: Um olhar sobre a Biodiversidade", Lurdes Soares
Continua.

[2] Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD) – É constituída por 42 artigos que estabelecem um programa para reconciliar o desenvolvimento económico com a necessidade de preservar todos os aspectos da diversidade biológica. Defende três objectivos fundamentais: a conservação da diversidade biológica; utilização das componentes da biodiversidade; e partilha justa e equitativa dos benefícios que advêm da utilização dos recursos genéticos.

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