segunda-feira, 19 de julho de 2010

Guia de Campo Biodiversidade: Dia B


Prefácio do Guia de Campo: Dia B
UM OLHAR SOBRE A BIODIVERSIDADE
Saia para a rua, olhe, registe e partilhe.O reconhecimento público de que o bem ‑estar humano depende da forma como gerimos os ecossistemas que nos rodeiam representa o principal desafio do programa Bioeventos 2010 (http://bioeventos2010.ul.pt).
O bom funcionamento dos ecossistemas e os serviços que estes nos prestam dependem da gestão da biodiversidade que os compõem. Mas a biodiversidade está a perder ‑se de forma acelerada e irreversível.
Decorrente de uma parceria entre o Centro de Biologia Ambiental e o Museu Nacional de História Natural, os Bioeventos 2010 assumem o papel estratégico da Universidade de Lisboa na investigação e divulgação da Biodiversidade em Portugal e inserem ‑se nas comemorações do Ano Internacional da Biodiversidade.
Se, por um lado, são as acções humanas que estão a diminuir a capacidade de resposta de muitos ecossistemas à crescente procura dos seus serviços, o reverter desta situação apenas será possível através de uma estratégia abrangente e de um esforço social colectivo por parte de investigadores, professores e técnicos (promotores do conhecimento), decisores (responsáveis pela implementação de políticas e mecanismos apropriados), media (veículos privilegiados para a chamada de atenção e divulgação) e da sociedade civil (principais beneficiários e um dos instrumentos possíveis de monitorização do estado da biodiversidade).
A participação da sociedade civil em questões de foro ambiental em Portugal ainda se encontra longe da consolidação desejável. Ao contrário do que sucede em muitos outros países desenvolvidos, o envolvimento público em matéria de monitorização não é prática corrente no nosso país e a sua importância, por exemplo, na avaliação de tendências populacionais de espécies tem sido negligenciada.
Inverter esta situação é o desafio que colocamos nas vossas mãos: procuramos aqui fornecer informação e um instrumento de trabalho que possibilite a participação de todos na monitorização da abundância e da diversidade de espécies em território nacional.
A biodiversidade todos os dias atravessa as portas de nossa casa, por exemplo, através dos alimentos que consumimos ou dos organismos que inesperadamente entram devido aos nossos hábitos e práticas. Além disso, basta olhar através de uma janela para nos sentirmos atraídos por uma flor colorida, um insecto estranho que nela pousa ou uma ave que, em voo picado, tenta apanhar esse insecto. E quanto mais olhamos para a Natureza, maior é a vontade de conhecer esse mundo que nos rodeia e compreender as razões que por vezes levam ao desaparecimento da biodiversidade que constitui o nosso quotidiano.
E porque não dar mais um passo? Para tal basta criar o hábito de olhar em volta, registar o que se observa e comunicar essa observação. Observações continuadas no espaço e no tempo são a informação base das actividades de monitorização e são o instrumento necessário para prever alterações no estado da biodiversidade e os seus efeitos. Esta monitorização é particularmente relevante quando se trata de espécies vulneráveis e reconhecidamente ameaçadas. Assim, o que lhe propomos é que saia para a rua (seja o seu jardim, um parque na cidade, uma zona florestal, um campo agrícola, uma praia, ou uma área protegida), olhe à sua volta, procure um animal ou uma planta, fotografe e tente identificar a espécie através das descrições e fotografias que fornecemos neste guia de campo.
A diversidade de espécies existente no nosso país é de tal forma elevada que não é possível incluir todas neste primeiro guia. No entanto, e enquanto não são disponibilizados guias temáticos mais completos, seleccionámos um conjunto vasto de espécies comuns, e como tal de fácil observação, para tornar o desafio mais apelativo e criar uma dinâmica de participação que, esperamos, seja consolidada na nossa sociedade.
Para atingir em pleno os objectivos aqui propostos, é ainda preciso que os registos das observações sejam comunicados e armazenados. Assim, foi criada uma base de dados online sobre a biodiversidade nacional (http//:www.biodiversity4all.com) onde pode submeter os registos das suas observações.
Uma vez validados por especialistas, estes registos poderão ser visualizados não apenas por si mas por todos os que acedam ao site.
Não espere mais! Saia para a rua, sozinho, com amigos ou em família,
e ajude ‑nos a conhecer melhor a nossa biodiversidade.
A sua participação fará a diferença.
Margarida Santos ‑Reis
Pela Comissão Organizadora dos Bioeventos
GuiaCampoDiaB

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