segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A Biodiversidade – uma introdução ao tema


Foto:  Fernando Louro Alves

A simplicidade do conceito não deixa de arrastar consigo uma teia complexa de problemas, interesses, forças e fraquezas dos sistemas associados à sua Biodiversidade.
Bio + Diversidade = Variedade de Vida
Embora estejamos perante um conceito de difusão recente, a Diversidade Biológica já há muito era entendida como uma das mais importantes características dos ecossistemas, pois ela pode relacionar-se facilmente com os conceitos de estabilidade biológica, equilíbrio biológico, homeostasia e, em última análise, até com a sustentabilidade dos sistemas.
Mas prendamo-nos com o conceito de Biodiversidade. Partindo da ideia simples de que existem locais com “coisas” parecidas e outros com “coisas” diferentes, podemos imediatamente concluir relativamente à maior ou menor biodiversidade. Contudo de que “coisas” falamos ?
Atentemos por exemplo num roseiral, quando sem flor parece constituído por arbustos “iguais”, mas, quando as flores se revelam…. Se elas forem todas iguais, podemos estar perante diferentes cópias do mesmo indivíduo, i.e., todas as roseiras têm igual património genético. Se elas forem todas diferentes … na maior parte dos casos estaremos perante diversos indivíduos (códigos genéticos diferentes) de uma mesma espécie (a roseira): embora seja a mesma espécie, eles são geneticamente bastante próximos mas não deixam de ser indivíduos diferentes…. (As Rosas da China - Hibiscus rosa-sinensis - representadas ao lado pertencem todas à mesma espécie…)
Quando falamos das sociedades humanas, a Biodiversidade adquire perspectivas muito peculiares: todos somos Homo sapiens sapiens (mesma espécie), mas a cara de cada um de nós é sempre diferente dos demais. Conseguimos entender (e dar importância) a pormenores que numa outra espécie nos deixariam obviamente indiferentes: a cor dos olhos, a forma do rosto, a cor da pele, a abertura das orbitais, a forma e a cor do cabelo… E curioso também, é que nos agregamos em núcleos onde estabelecemos valores e padrões que alicerçam culturas diversas….  Poderíamos estar a introduzir o conceito de Biodiversidade Cultural.
Para estes autores a Biodiversidade deve ser abordada segundo a escala e pode ser Genética, Específica ou Sistémica.
A primeira dirá respeito a conjuntos com variabilidade genética, a segunda com espécies distintas e a terceira com sistemas (ecossistemas) diversos. Embora esta seja a perspectiva que reúne maior número de simpatizantes, existem autores que associam a Biodiversidade aos locais (substrato edafo-climático) – a Alfa diversidade; aos habitats (ou aos ecossistemas) – a Beta diversidade e às Paisagens (aos conjuntos de Ecossistemas, aos Biomas ou às Unidades Homogéneas de Paisagem) – a Gama diversidade.
Esta abordagem não distingue a Biodiversidade evidenciada, mas sim a escala em que a Biodiversidade é avaliada, o que perde um pouco a raiz biogenética do conceito para se envolver mais na leitura ecológica do território.
A associação do conceito de Biodiversidade com os de Abundância e Frequência conduz também a alguns aspectos peculiares: se num dado sistema existir um número total de indivíduos reduzido e um grande número de espécies, cada uma delas será pouco abundante, mas, mesmo assim, poderemos estabelecer uma escala de abundância entre elas. Comparando diferentes sistemas, diremos que um ecossistema com uma pequena abundância de um grande número de espécies, é um ecossistema com uma grande importância ecológica (biodiversidade) e com um elevado risco (face à reduzida abundância de cada um dos “genes”). A estes locais chamamos habitualmente pontos quentes (hot spots) de biodiversidade.
A Biodiversidade no Mundo sofre variações: em cada momento, as novas condições dos habitats podem levar ao aparecimento de variações genéticas melhor adaptadas e que consequentemente se independentizam. Mas essas mesmas condições também levam ao desaparecimento das espécies que estavam melhor adaptadas às condições habitatcionais anteriores. Naturalmente o número de espécies ganhas e perdidas tem tendência para a equiparação, i.e., em balanço, não há ganho nem perda em número.
Mas o Homem tem sido capaz de promover a destruição de um número imenso de espécies, tendendo para a utilização de poucas espécies e para a anulação ou indução do desaparecimento das restantes. A este processo chamamos erosão genética ou perda de Biodiversidade.
Só com um esforço colectivo e com a intencionalidade das acções podemos evitá-la. A Campanha Countdown 2010 – Save Biodiversity pretende fazer com que, em 2010, o Mundo deixe de perder espécies e Biodiversidade.
Mas porquê evitar a perda da Biodiversidade ?
Autor: Fernando Louro Alves
In, Arméria - SETA: Sociedade Portuguesa para o Desenvolvimento da Educação e do Turismo Ambientais

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